Fruto de uma disciplina do curso de Bacharelado em Tecnologia da Informação do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), sob a coordenação da professora Isabel Dillmann Nunes e com participação do professor Eugênio Paccelli Aguiar Freire, o curso
Inclusão Digital para Idosos ganhou força e provou ser uma iniciativa de sucesso, superando a estimativa de inscrições quase um mês antes do prazo final.
A ideia do curso
Inclusão Digital para Idosos partiu das alunas Luciana de Almeida Mariano e Rayane Lunara Catarino Dantas de Medeiros, que desenvolveram um projeto de extensão com o intuito de promover, de maneira didática e prática, a inclusão digital para o público da terceira idade, estimulando o acesso às novas tecnologias e proporcionando-lhes uma vida mais participativa na comunidade virtual. Nesse curso os idosos assistem às aulas sobre noções de computação para utilização de computador, abrangendo: introdução às funcionalidades básicas e Internet (Facebook, Skype, Youtube) e Smartphone (utilização básica; uso da câmera; WhatsApp; Instagram; acesso às ferramentas Facebook, Youtube, Skype, entre outros aplicativos de interesse da turma).
O envolvimento com as novas tecnologias é mais do que
hobbie, é necessidade. Para muitos idosos, aprender a usar o computador significa manter o contato com amigos e familiares distantes ou começar um novo trabalho, como no caso do Luiz Afonso Dantas, professor aposentado da UFRN. “Esse projeto está sendo incrível para mim. Nós passamos 30 anos dentro de uma sala de aula e, depois, quando saímos, ficamos sem ter com quem falar, presos em um apartamento. Mesmo aposentado, agora eu tenho atividades em casa. No meu prédio, por exemplo, eu faço a prestação de contas e já estou usando o que aprendi no curso, estou muito satisfeito”, conta Luiz, que não foi selecionado imediatamente na primeira chamada, mas conseguiu sua vaga após uma desistência.
Entre os idosos do projeto, o clima é de muita fraternidade. É unanimidade a gratidão deles ao projeto, sentimento partilhado também pelos organizadores, como conta Luciane de Almeida, coautora: “É muito gratificante fazer parte desse projeto, ver que foi algo que ajudei a criar e deu supercerto. Começamos o projeto, eu e Rayane, com o professor Eugênio, mas ele não poderia dar continuidade, então nos indicou à professora Isabel, que aceitou e enviamos o projeto sob coordenação dela. Ficamos em 13º entre 300 inscritos na seleção de projetos de extensão”.
Luciane conta que, melhor do que ver um projeto seu sair do papel, é poder fazer parte dele: “Pensávamos que não era bom, somos muito perfeccionistas, mas trabalhamos bem, organizamos tudo, como aconteceria, quando, tempos de aula, os tipos de exercício, porque esse é um público diferenciado”. Ela se mostra surpresa com os resultados positivos e com o seu impacto na sociedade: “É incrível ver tudo de perto, essa troca intergeracional entre nós monitores (alunos do BTI) e os idosos que são tão atenciosos e carinhosos. É como se eu estivesse com meus avós, sou muito feliz em participar disso”, concluiu.
Inclusão digital, social, econômica
Tão importante quanto a aprendizagem tecnológica para os idosos, é o impacto social que o curso tem na vida de todos os envolvidos: alunos, monitores e colaboradores em geral, como explica Isabel: “Para os alunos do BTI é muito importante participar desse projeto, porque tecnologia também é lidar com pessoas, diferente do que muitos pensam, e nós precisamos aprender como fazer isso. Aprender com eles é ótimo, porque exige paciência, tem de falar com calma, explicar de maneira detalhada. São coisas que vão além da graduação, características que eles levarão para a vida, para o profissional. Sem falar no lado técnico, quando vários alunos vêm e falam que estão melhores com os pais, que estão sendo mais pacientes na hora de apresentar seus trabalhos para os clientes. É um aprendizado enorme para todos nós. Eu sou muito grata por estar envolvida nisso e fico muito feliz por ter sido uma ideia que veio de duas alunas”, finaliza.
Em relação aos idosos, Bel, como é carinhosamente chamada a coordenadora, afirma que “o curso envolve várias esferas - mercado, social, ambientação. É tudo. Eles pensam: ´eu tenho aula, tenho de ir para a aula’. Eles se sentem mais participativos, é muito interessante ver que querem comprar computadores, celulares, perguntam quais são os bons, tornam-se mais independentes, não precisam dos filhos para fazer as coisas básicas na Internet. É um aprendizado enorme”, completou Isabel.
As aulas do curso
Inclusão Digital para Idosos encerrarão no dia 22 de julho. No segundo semestre, a previsão é de que o projeto aconteça também em Martins/RN, em parceria com o Trilhas Potiguares, inaugurando um jogo de simulação de uso do computador por meio do qual o idoso pode mexer em tudo, sem medo de errar. Será, portanto, uma oportunidade de aprender brincando.