Projeto que integra digitalmente clínicas da UFRN será desenvolvido no IMD
Projeto que integra digitalmente clínicas da UFRN será desenvolvido no IMD
18-04-2018 / ASCOM
Em discussão desde o final de 2017, o projeto da Plataforma Computacional de Serviços de Saúde (SigSaúde) já está pronto para ser iniciado. A fim de otimizar os fluxos de trabalho nas Clínicas-Escola e serviços de saúde da UFRN, ele irá desenvolver uma plataforma computacional integrada de dados clínicos, que contempla a informatização desde o agendamento até o atendimento especializado de cada paciente. A ideia é fruto de uma necessidade presente em diversos serviços de saúde da Universidade.
O projeto levou em consideração o aumento do uso computacional na realização de prontuários eletrônicos (electronic health records - EHR) em diversos países. “O prontuário eletrônico de um paciente é um repositório de informações de saúde e contém aspectos clínicos globais, assim como podem conter dados administrativos que são armazenados digitalmente”, explicou o professor Itamir Barroca Filho, coordenador do projeto.
De acordo com o professor, o ideal é manter um sistema eficiente de informações para fins de melhoria na qualidade do tratamento de saúde dos pacientes, produtividade e sobretudo para se prevenir caso alguma informação clínica seja extraviada. “As informações devem ser armazenadas pelos sistemas ao longo da vida de uma pessoa, permitindo integrar serviços, melhorar eficiência, potencialmente, reduzir custos em saúde. Mas, acima de tudo, o propósito é melhorar a resolutividade da condição de saúde do paciente, evitar perdas e dissociação de informações”, afirmou Itamir.
A realidade atual mostra que os sistemas de prontuário eletrônico têm se desenvolvido cada vez mais, ampliando as possibilidades de registro de dados e tornando a rotina dos atendimentos mais eficientes. Além dos registros clínicos completos, dos registros de consultas e retornos, das prescrições e dos atestados, os sistemas também podem oferecer formulários para especialidades, bem como terem a opção de criar formulários personalizados e ficha para registro de imagens e vídeos. Vale destacar a importância dessas duas últimas opções – imagem e vídeo – que se apresentam como facilitadoras do acompanhamento da evolução de um determinado problema clínico.
É relevante também enfatizar que o atendimento em saúde habitualmente inclui a participação de vários profissionais, como médicos, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos, bioquímicos, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. Além disso, esses atendimentos podem ocorrer em diferentes locais. Em cada consulta, diversas informações que garantirão a continuidade do processo serão armazenadas em forma de dados, respeitando as questões de ética e privacidade inerentes as informações de saúde. Dessa forma, essa base de dados servirá de apoio na tomada de decisão do profissional sobre o tipo de tratamento ao qual o paciente deverá ser submetido.
Os benefícios que serão trazidos pelo SigSaúde são diversos, como explica o professor: “Reunindo em um só local todas as informações do paciente, estaremos garantindo a visualização rápida dos problemas de saúde e das intervenções ocorridas, teremos acesso ao histórico da evolução da saúde da pessoa, permitindo melhoria do processo de tomada de decisão e melhor efetividade do cuidado, entre outras vantagens”, relatou o professor Edvaldo Vasconcelos, vice-coordenador do projeto.
Um outro ponto de destaque é que a informação centralizada em saúde, com a notificação das autoridades sanitárias em tempo real, poderia auxiliar em alertas quanto a riscos de epidemias ou à identificação de problemas crônicos, o que possibilitaria intervenções médicas preventivas.
“Atualmente, na rede pública hospitalar do Rio Grande do Norte e na maioria dos estados brasileiros, essas informações são mantidas em papel, gerando complicações devido à vulnerabilidade e dificuldade de acesso. Muitas vezes uma mesma pessoa tem vários prontuários”, relata a professora Selma Jerônimo, diretora do Instituto de Medicina Tropical e pesquisadora do projeto.
A ideia é que no futuro o SigSaúde possa também ser integrado ao sistema que está sendo implantado pelo Ministério da Saúde (e-SUS), de modo a permitir que os serviços terciários realizem de forma mais adequada a contra-referência.
BENEFÍCIOS TAMBÉM NA ACADEMIA
Para a concretização do projeto, estão envolvidos 7 alunos de graduação e 6 de pós-graduação, que irão lidar com tecnologias que estão na vanguarda da pesquisa científica realizada nas áreas de sistemas de informação web e computação móvel. “Esses assuntos são extensões do conteúdo visto em disciplinas como Desenvolvimento para dispositivos móveis e Sistemas web. Logo, existe um benefício claro ao aluno, uma vez que ele será apresentado a conhecimentos tecnológicos mais avançados, mas que ainda assim são completamente assimiláveis mesmo estando na graduação e pós-graduação”, afirma o professor Itamir Barroca.
Além disso, o aluno terá contato com um processo de investigação científica e terá a oportunidade de observar, teorizar, experimentar e concluir durante o andamento do projeto e de aprender como se conduz uma pesquisa científica com desenvolvimento de produtos. Desse modo, o discente estende os conhecimentos adquiridos nas disciplinas iniciais da estrutura curricular, com conteúdo que tem o potencial de se tornar um mecanismo catalisador dos princípios da área das tecnologias relacionadas à computação web e móvel.
HISTÓRICO
O processo de apresentação e aprovação do projeto SigClíncas teve início em dezembro de 2017, quando a ideia foi exibida pela primeira vez aos representantes do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Centro de Biociências (CB) e reitoria. No mesmo mês, ele foi apresentado e aprovado pela PROPESQ e no mês seguinte teve o seu orçamento aprovado pela FUNPEC.
Em fevereiro de 2018 o projeto foi discutido na Semana de Integração da Psicologia e no início de março, no Workshop das Clínicas, com a participação das clínicas-escola dos Centros de Ciências da Saúde (CCS), da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (FACISA), da Escola Multicampi de Ciências Médicas do RN (EMCM), do Instituto de Medicina Tropical (IMT), do Centro de Biociências (CB), do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PROAE), da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) e da Comissão Permanente de Apoio a Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (CAENE).
Atualmente está tendo início o desenvolvimento da plataforma, com o mapeamento das funcionalidades de agendamento e formulário de acolhimento. Em seguida, terá continuidade o levantamento de requisitos referentes ao prontuário eletrônico considerando as diversas especialidades. A previsão de implantação do projeto é de até 24 meses.