Resolver problemas do mercado, descobrir oportunidades e, quem sabe, abrir uma startup. Essa é a provocação da disciplina Lançamento de Startups I, do Bacharelado em Tecnologia da Informação (BTI), do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), para incentivar os estudantes a saírem da teoria e colocarem a mão na massa. Nesta segunda-feira (29), os alunos receberam em sala de aula o secretário de Finanças de Natal, Marcelo Oliveira, em uma conexão feita a partir do Parque Tecnológico Metrópole Digital (Metrópole Parque), que cumpre seu papel de incentivadora da inovação aberta.

Segundo o professor Wesley Canedo, responsável pela disciplina, a proposta é aproximar os alunos de problemas reais para que possam pensar em soluções viáveis, com potencial de virar negócio. “O nosso objetivo é que os estudantes tenham contato com problemas concretos, seja do setor público ou privado, para poderem aplicar os conhecimentos teóricos e técnicos adquiridos em sala. A ideia é fomentar um olhar empreendedor desde cedo — e estimular a criação de startups que, no futuro, possam oferecer soluções como fornecedores”, afirma.

Em cerca de 1 hora de bate-papo com os estudantes, o secretário de Finanças apresentou uma série de questões e processos internos da pasta que poderiam ser solucionados ou agilizados com apoio da tecnologia. “Problemas não faltam. Temos atendimento ao cidadão e demandas de todas as áreas. O relacionamento com o cidadão pode ser melhorado, por exemplo, via WhatsApp, já que ninguém quer mais um aplicativo para cada atendimento. Também visualizamos a possibilidade de uso de Inteligência Artificial para reduzir tempo e nos dar agilidade com processos internos que poderiam ser automatizados”, explicou.

Além disso, o secretário destacou que a Prefeitura já mantém uma colaboração sólida com o Parque Metrópole. “O município já tem uma parceria forte com o Parque Metrópole, através de um conjunto de benefícios fiscais que incentivam a produção tecnológica em Natal. Essa interação com os alunos em sala de aula é muito importante porque abre um canal entre a universidade e o mercado que pode gerar oportunidades para todos”, afirmou.

Yago Gomes, do nono período do BTI, é um dos alunos da disciplina. Prestes a se formar, ele incluiu a matéria optativa na grade curricular, pois tinha curiosidade de saber como empreender. “Via pessoas, programadores, abrindo empresas, trabalhando de forma autônoma, e queria saber como funciona esse processo. E, diferente de outras matérias, aqui a gente tem aprendido de fato como transformar a teoria na prática, além de poder fazer networking e conhecer mais pessoas interessadas em oportunidades de negócios”, conta.

Para Rodrigo Romão, diretor do Parque, experiências como essa são um reflexo direto do propósito do Metrópole Parque. “Nosso papel é justamente esse: ser um elo entre diferentes atores do ecossistema de inovação — academia, poder público, mercado e empreendedores. Ao promover esse tipo de conexão, fomentamos uma cultura de inovação aberta e ampliamos as chances de surgirem soluções tecnológicas que nascem de dentro da universidade e ganham escala no mundo real”, destaca.

Inspiração

Em 2023, um trabalho de graduação feito a partir da mesma disciplina resultou na criação de uma startup tecnológica voltada à agroindústria potiguar. A proposta dos alunos deu tão certo que hoje participa do programa de incubação de empresas do Metrópole Parque.

Intitulada Agrosoft, a startup — criação dos alunos Allysson Freitas e Vinícius Eudes — responde por um sistema de monitoramento tecnológico na agroindústria, com foco na avicultura, um dos setores ligados ao agronegócio que mais emprega pessoas no Brasil.

Instalada nos ambientes das granjas, a solução é capaz de monitorar variáveis como umidade, temperatura, luminosidade e CO₂ — ação indispensável para instituições produtoras garantirem a qualidade dos ovos vendidos no comércio.