IMD vai desenvolver Inteligência Artificial para Ouvidoria do SUS
Parceria com Ministério da Saúde visa qualificar atendimento e gestão de dados através da tecnologia
08-09-2025 / ASCOM

O Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) firmou um acordo com o Ministério da Saúde na semana passada visando o desenvolvimento de uma Inteligência Artificial que será empregada para modernizar a Ouvidoria-Geral do Sistema Único de Saúde (SUS).
O acordo foi oficializado por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED) e a tecnologia vai permitir ao ministério processar informações advindas de um universo estimado em mais de 200 milhões de brasileiros, ampliando a eficiência do atendimento e fornecendo subsídios estratégicos para a gestão da saúde no país.
O TED, que prevê investimentos da ordem de R$ 5,2 milhões, estabelece a entrega da solução em até 24 meses, com seis meses adicionais destinados à transferência de tecnologia. Nesse período, a equipe do IMD capacitará técnicos do Ministério da Saúde para garantir a continuidade da manutenção e a evolução da ferramenta.
Segundo o professor do IMD Elias Jacob Neto, coordenador do projeto junto à docente Iris Pimenta, o desenvolvimento será realizado por uma equipe de 21 colaboradores, dentre pesquisadores de diferentes regiões do país e alunos da UFRN.
“A ideia é transformar dados que hoje estão dispersos e pouco aproveitados em informações acionáveis, capazes de orientar políticas públicas. Com a IA, será possível identificar, por exemplo, em quais regiões há maior falta de medicamentos ou onde estão concentrados os relatos de surtos de dengue”, explica Elias Jacob.
OuvidorSUS.IA
Batizada de OuvidorSUS.IA, a iniciativa está organizada em duas frentes complementares. A primeira, de Otimização do Atendimento a Demandas de Acesso à Informação, vai automatizar a recepção e classificação das solicitações com base em análise semântica, permitindo identificar demandas repetidas e elaborar respostas de forma mais ágil e padronizada. Um chatbot interno apoiará a equipe técnica do MS na triagem inicial, integrando sistemas já existentes, como o FalaBR e o OuvidorSUS.
A segunda frente trata do Aumento da Capacidade Analítica da Ouvidoria, empregando Inteligência Artificial para extrair informações relevantes de dados e realizar análise de sentimentos, de forma a medir a satisfação dos usuários do SUS.
Além disso, a solução gerará dashboards e relatórios dinâmicos, facilitando o monitoramento de demandas e o planejamento estratégico de políticas públicas de saúde
Acesso à informação
Atualmente, manifestações enviadas à Ouvidoria do SUS — que podem incluir reclamações, denúncias ou pedidos de informação — são tratadas manualmente. Em 2024, por exemplo, o Ministério da Saúde recebeu quase 5 mil solicitações de acesso à informação, com tempo médio de resposta de 22 dias.
A nova ferramenta pretende reduzir esses prazos, padronizar respostas e ampliar a capacidade de atendimento, sem perder a qualidade exigida pela Lei de Acesso à Informação.
Outro diferencial será a possibilidade de gerar conhecimento estratégico a partir das próprias manifestações da população. Reclamações sobre falta de medicamentos, problemas em unidades de saúde ou suspeitas de surtos poderão ser sistematizadas pela IA, permitindo identificar padrões e oferecer diagnósticos em escala nacional.
O projeto será desenvolvido no âmbito do programa Metrópole IA 360, do IMD, que reúne diversas iniciativas de pesquisa, desenvolvimento e inovação em Inteligência Artificial. A metodologia adotada seguirá práticas ágeis com foco no usuário, testes piloto e integração contínua aos sistemas legados já em uso pelo Ministério da Saúde.