O Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) está conduzindo uma pesquisa para avaliar a satisfação de pesquisadores com sistemas de publicação científica utilizados nas universidades. A iniciativa pretende mapear percepções de autores, revisores e leitores sobre o modelo editorial atualmente adotado em periódicos acadêmicos.

Integrado ao projeto de doutorado de Leonardo Cabral, estudante do Programa de Pós-Graduação em Bioinformática (PPgBioinfo), sob orientação do professor Tetsu Sakamoto, do IMD, o estudo utiliza um questionário on-line, aberto inicialmente à comunidade científica da UFRN, mas com previsão de expansão para outras instituições.

A proposta é alcançar pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento que já tenham atuado, mesmo que parcialmente, nas etapas de produção, avaliação ou consumo de artigos científicos.

A partir disso, o projeto prevê o desenvolvimento de uma plataforma alternativa de publicação científica, voltada a tornar o processo mais transparente, ágil e colaborativo.

Para participar da pesquisa, os pesquisadores podem responder ao formulário disponível on-line. O questionário leva de oito a quinze minutos e é totalmente anônimo.

Gargalos

A pesquisa busca identificar gargalos frequentes no processo editorial sob três perspectivas. Para autores, o levantamento pretende medir problemas como demora na revisão por pares, altos custos de processamento (APC) em periódicos de acesso aberto, baixa transparência nos pareceres e barreiras institucionais e linguísticas, além de dificuldades com plataformas de submissão.

Já no ponto de vista dos revisores, o estudo avalia aspectos como ausência de remuneração, falta de reconhecimento formal, carência de treinamento e pouca institucionalização da atividade.

Para leitores, por sua vez, o questionário aborda temas como paywalls (cobrança por acesso ao conteúdo), falta de acesso a dados e scripts, dificuldade de aferir a qualidade das pesquisas publicadas e escassez de mecanismos de revisão pós-publicação.

De acordo com Leonardo Cabral, a motivação para o estudo surge da crescente insatisfação relatada na literatura científica e em depoimentos de pesquisadores. Entre os problemas mais citados estão revisões de artigos, que podem durar de seis meses a dois anos, e valores elevados de APCs, que chegam a variar de US$ 1,5 mil a US$ 12 mil.

O cenário também inclui revisores que atuam gratuitamente, mesmo em editoras comerciais de grande porte, o que levanta questionamentos sobre sustentabilidade e justiça nesse processo editorial científico.

Novo sistema

Ainda segundo o pesquisador, uma vez levantadas as necessidades dos três tipos de usuários das plataformas de divulgação acadêmica, o sistema desenvolvido ao final do estudo deve contemplar mecanismos de valorização e remuneração de revisores, maior clareza nas etapas editoriais, reconhecimento formal para avaliadores e autores e utilização de fluxos que tornem o processo mais imparcial e eficiente.

Dúvidas ou contatos adicionais podem ser enviados para os e-mails tetsu@imd.ufrn.br
(Prof. Tetsu Sakamoto) e cabralleonardoferreira@gmail.com (Leonardo Cabral).