Indústria 4.0 é debatida em workshop no Instituto Metrópole Digital

Para palestrante, país deve aproveitar oportunidade para melhorar produtividade do setor industrial
10-04-2018 / ASCOM
Evento Tecnologia

A busca por inovação para adequar o setor industrial brasileiro à ideia de “indústria 4.0” é uma importante oportunidade de melhorar os baixos índices de produtividade dessa área da economia do país. A opinião é do professor Sérgio Soares, diretor do Instituto SENAI de Inovação para Tecnologias da Informação e Comunicação (ISI-TICs).

A análise foi feita durante a palestra que ele proferiu na manhã de hoje, intitulada Desafios para Indústria 4.0 no Brasil, dentro do “Workshop Indústria 4.0: desafios e perspectivas”, coordenado pelo Instituto Metrópole Digital (IMD).

O conceito de indústria 4.0 foi criado em 2011 na Alemanha e faz referência à possibilidade desse setor estar prestes a vivenciar o que seria uma quarta revolução industrial, que pode se consolidar graças ao desenvolvimento e difusão de tecnologias como o “big data”, internet das coisas, computação em nuvem e inteligência artificial.

“Se a gente pensar bem, nada disso é novidade nos últimos cinco anos, ou um pouco mais. A aplicação dessas tecnologias é que está sendo nova. E as possibilidades de aplicação delas cresceu bastante e são gigantescas e diversas”, explica Sérgio Soares, que também é docente do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Diretor de Inovação do Senai, Sérgio Soares

Dentre as vantagens que a implantação de tecnologias ligadas ao conceito de indústria 4.0 está a conexão e análise da produção em tempo real, a criação de grandes volumes de dados relacionados à produção e interoperacionalidade automática entre módulos ou robôs, segundo explica o professor.

Assim, a indústria ganharia, por exemplo, em possibilidades de customização e produtividade, gerando rapidez ou mesmo automação na tomada e aplicação de decisões.

Sérgio Soares ainda disse que o conceito de indústria 4.0 é insipiente e pouco difundido no Brasil e que acredita que sua implantação não deve se dar de maneira brusca, mas sim por meio de etapas. “É importante ter um diagnóstico da nossa indústria e saber qual o próximo a ser dado”, defende.

Explosivo

Para o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Alfredo Ferraz, “as pessoas não estão percebendo o que está acontecendo. A quarta revolução industrial é algo explosivo e a realidade a que estamos acostumados não é a que vai existir, que é a realidade da indústria 4.0”.

Alfredo Ferraz ministrou a segunda palestra do evento realizado no IMD, intitulada Contribuindo para a Indústria 4.0 no Brasil. Ele é coautor do livro “Automação & Sociedade: Quarta Revolução Industrial, um Olhar para o Brasil”, lançado em fevereiro deste ano.

Ferraz destacou as possibilidades de implementação da indústria 4.0 nos mais diferentes setores, como o farmacêutico ou mesmo o agronegócio, e ressaltou a importância do papel do governo como fomentador, assim como vem acontecendo na Alemanha. “Lá se percebeu que as novas tecnologias estavam se apoiando umas às outras e gerando um efeito cascata, que está nos levando a um novo mundo”, afirma ele.

Público

Estiveram presentes ao Workshop Indústria 4.0 um público diverso, formado por professores, estudantes e diretores de centros da UFRN, além de representantes do setor industrial do estado.

A mesa de abertura do evento foi formada pelo vice-reitor da UFRN, José Daniel Diniz Melo, pelo diretor em exercício do IMD, professor Adrião Duarte Neto, pelo professor e representante do comitê organizador do workshop, Danilo Curvelo, e pelo diretor de inovação da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Djalma Barbosa da Cunha Júnior.

O workshop acontece apenas um mês após o lançamento da Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, feito pelo Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O órgão elaborou estratégias a serem implementadas, até 2020, visando a busca por adequação à indústria 4.0. Mais informações sobre assunto podem ser acessadas por meio do site  industria40.gov.br.

Tarde

No segundo momento do workshop, na parte da tarde, foram apresentadas as iniciativas de ensino na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na temática da indústria 4.0, na palestra ministrada pelo professor do Departamento de Engenharia de Computação e Automação da UFRN, Pablo Javier Alsina, intitulada: Indústria 4.0 na UFRN: Visão Geral e perspectivas da UFRN sobre os desafios da Indústria 4.0.

Neste momento, os presentes puderam observar as pesquisas desenvolvidas na universidade, sobre temas correlacionados e propostas de projetos institucionais futuros que promovam a inclusão, não apenas entre os produtos da tecnologia, como também incluam as diversas áreas presentes nos diversos centros e laboratórios da universidade.

Através de uma rápida apresentação dos pilares que norteiam o conceito dessa nova indústria, o professor Pablo Alsina destacou como a universidade tem se dedicado à solidificação da base da estrutura da indústria, no ensino em diversos níveis: cursos técnicos, graduação e especializações.

“Se formos apresentar os cursos de graduação relacionados diretamente às áreas dos pilares básicos, são mais de 10, de especialização são 3, no técnico temos a Automação Industrial, fora as disciplinas que permitem integração entre o técnico e graduação, garantindo também a inserção dos alunos de primeiro nível nas disciplinas importantes para essa nova indústria”, completou o professor.  

A partir da explanação inicial, os diretores de laboratórios e setores da UFRN apresentaram seus trabalhos desenvolvidos e desafios à serem ultrapassados para alcançar essa “nova revolução” proposta pela Industria 4.0.

Um desses trabalhos é o projeto de pesquisa “Braço robótico com visualização aumentada de dados”, desenvolvido no Laboratório de Tecnologias Educacionais, Assistivas e Multimídia, da Escola de Ciência e Tecnologia (ECT), que visa melhorar a manufatura através da realidade aumentada, como explicou o professor Rummenigge Dantas: “O intuito final é analisar todos os parâmetros do braço, principalmente vibração e temperatura das juntas e outras medidas que indiquem o seu desgaste”.

Outro exemplo apresentado de trabalho nessa área disse respeito aos estudos sobre inteligência artificial desenvolvidos pelo Laboratório da Manufatura (LABMAN) da UFRN, que visam equipar a máquina com um certo de tipo de consciência programada, que permita prever a resposta de seus atos na produção, a fim de otimizar o trabalho.

Essa pesquisa foi detalhada pelo professor do LABMAN Wallace Moreira Bessa. “Diferente do que é comum pensar, integralizar os sistemas e automatizar as maquinas não é sinônimo de excluir o ser humano do processo de produção, pelo contrário, é permitir que os dois possam trabalhar no mesmo espaço, porém com mais exatidão, segurança e melhor manufatura”, explicou o professor.