Pesquisa da UFRN traz indícios positivos para o uso de creatina em transplantados
Estudo foi realizado no âmbito do PPg-Bioinfo, do IMD, e publicado pela revista Nutrients
18-02-2025 / ASCOM
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Um estudo conduzido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Bioinformática (PPg-Bioinfo), do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), investigou a relação da creatina – composto essencial para a produção de energia nas células – em disfunções renais. A pesquisa foi publicada na semana passada pela revista Nutrients, periódico científico internacional e de acesso aberto sobre nutrição humana.
A pesquisa pode ajudar cientistas a compreenderem, dentre outras coisas, os efeitos da creatina – naturalmente presente em alimentos como carne vermelha e peixe – em pacientes com disfunções renais como insuficiência renal crônica, nefropatia diabética, entre outras.
Segundo Matheus Medeiros, autor principal da pesquisa, a discussão a respeito se a creatina afeta a função renal é ampla e existe há muitos anos. No Brasil e em outros países, inclusive, a ingestão de suplementos de creatina deve ser supervisionada por profissionais de Saúde, dado o receio quanto aos efeitos que a substância pode ocasionar aos rins em pessoas com doenças renais.
“Mas já foi comprovado que a creatina não afeta a função renal de pessoas saudáveis, restando-nos descobrir o seu efeito em pacientes com condições renais patológicas. Então nós pesquisamos sobre a creatina em diferentes contextos, como o dos transplantados renais, e buscamos entender se a substância possivelmente melhora ou não a aceitação do novo órgão”, conta Medeiros.
Os resultados da pesquisa, frutos de experiências in silico (quando feitas por computação), traz indícios positivos para o uso de creatina em pacientes transplantados. “Geralmente, há casos em que o corpo da pessoa rejeita aquele novo rim, mas vimos que a creatina pode ter interações metabólicas que favorecem uma maior taxa de aceitação do novo órgão”, comenta Medeiros.
Diante disso, o estudo tem potencial para beneficiar outros trabalhos científicos, especialmente os que promovam experiências com animais ou experimentos clínicos.
Também assinado pelos professores da UFRN Bento Abreu, do Departamento de Morfologia (MOR) e João Paulo Lima, do PPg-Bioinfo, o estudo pode ser conferido na íntegra e gratuitamente por meio do site.
Bioinformática
O trabalho, realizado durante cerca de um ano, é um capítulo da tese de Matheus Medeiros, estudo que deverá ser concluído já no próximo mês. A pesquisa foi permeada por técnicas e conhecimentos oriundos da Bioinformática – campo cada vez mais utilizado em todo o mundo para investigar causas como predisposição genética a doenças, impactos de mutações no funcionamento celular, entre outras.
No IMD, o PPg-Bioinfo é o centro de referência na área e promove publicações de diferentes estudos de repercussão nacional e internacional, cujas descobertas são aplicáveis em campos diversos, como Biologia e Medicina.
Avaliado com nota 5 pela CAPES, o programa de pós-graduação é um dos poucos do Brasil a contarem com um mestrado e doutorado na área. Também já foi responsável por conduzir conferências internacionais, como o Natal Bioinformatics Forum, e outros eventos científicos, inclusive abertos à comunidade em geral.