Mulheres ganham espaço no setor de startups e impulsionam inovação no Rio Grande do Norte
Na incubadora do Metrópole Parque, 1/3 das startups têm mulheres à frente ou como sócias.
07-03-2025 / ASCOM

Nos últimos anos, a presença feminina no setor de inovação e tecnologia tem crescido no Brasil, rompendo barreiras e conquistando novos espaços. Apesar de representarem 51,5% da população brasileira, as mulheres ainda ocupam somente 39% dos empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), de acordo com dados divulgados pela Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais. No entanto, o avanço é notável: nos últimos três anos, o crescimento da participação feminina no setor superou em 1,5 pontos percentuais a evolução da presença masculina.
No Rio Grande do Norte, esse movimento de ascensão feminina também é evidente. No Parque Tecnológico Metrópole Digital (Metrópole Parque), polo de inovação localizado na UFRN, pelo menos um terço das startups associadas têm mulheres à frente ou como sócias. Esse cenário reflete uma mudança significativa no ecossistema empreendedor potiguar, onde a presença feminina tem sido marcada não apenas pela participação, mas também pelo protagonismo em empresas inovadoras e tecnológicas.
Entre os exemplos de startups potiguares lideradas exclusivamente por mulheres, destaca-se a Microciclo, fundada pelas pesquisadoras Lucymara Lima, Marbella da Fonsêca, Carolina Minnicelli, Rita Silva-Portela e Kamilla Barbalho. Spin-off acadêmica de base biotecnológica, a empresa desenvolve soluções para o tratamento de efluentes oleosos industriais.
Desde sua criação, a startup aposta num modelo de gestão baseado no compartilhamento de liderança. “Na Microciclo, nunca enxergamos a liderança como uma ação isolada, mas como um exercício do diálogo e argumentação. A liderança feminina procura soluções que não são engessadas, porque, muitas vezes, a maneira tradicional de se liderar uma empresa não funciona para todos. Às vezes, o processo a ser implementado é simplesmente o que funciona para a equipe", afirma Carol Minnicelli, uma das fundadoras da empresa.
Além disso, ela destaca a importância das redes de apoio, tanto profissionais quanto pessoais, para fortalecer a atuação feminina no setor. “No profissional, somos apoiadas pelos parceiros que, além do financiamento, oferecem consultorias e insights valiosos, como a Finep, o Sebrae e o Metrópole Parque. No lado pessoal, a rede de apoio inclui pessoas que ajudam a dividir responsabilidades frequentemente vistas como exclusivamente femininas, como o cuidado da casa e das pessoas, incluindo parceiros, pais e até a escola dos filhos, que desempenha um papel fundamental”, conclui.
Outro negócio que desenvolve soluções inovadoras, formado somente por mulheres, é a Blindog, referência em tecnologias voltadas para cães cegos. Para a CEO da empresa, Luana Wandecy, o setor de tecnologia ainda é predominantemente masculino, tornando a trajetória das mulheres na liderança mais desafiadora. No entanto, ela acredita que é possível superar esses obstáculos por meio de dados consistentes, entregas sólidas e da conexão com outras mulheres empreendedoras.
“A diversidade na liderança traz perspectivas mais amplas para tomada de decisão e inovação. No caso da Blindog, isso reflete diretamente na forma como desenvolvemos produtos, nos processos internos e na relação com clientes e parceiros. A cultura da empresa se torna mais inclusiva e colaborativa, favorecendo um ambiente que valoriza diferentes experiências e habilidades, o que impacta positivamente a retenção de talentos e o crescimento sustentável do negócio,” afirma Luana.
A empresa também se beneficia de iniciativas de apoio, como mentorias, programas de aceleração e redes de empreendedoras, que ampliam as oportunidades para mulheres no setor de tecnologia. Em 2024, a Blindog foi a única startup do Rio Grande do Norte aprovada no programa Finep Mulheres Inovadoras, iniciativa promovida em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), para impulsionar startups lideradas por mulheres. Além disso, a pet tech foi selecionada para a lista “100 Startups to Watch 2024”, organizada pelas revistas Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época NEGÓCIOS.
Para a diretora adjunta do Metrópole Parque, Iris Pimenta, um ambiente colaborativo como o do Parque é essencial para fortalecer e ampliar a atuação das mulheres no setor. "Acreditamos no poder da colaboração e da inovação para transformar realidades. No Metrópole Parque, mulheres empreendedoras encontram um ambiente que inspira, conecta e impulsiona negócios para o futuro", afirma.