Após 18 meses de trabalho feito em parceria com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), alunos e professores da Residência em Tecnologia da Informação (TI) do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) foram convidados para participar de um evento de dois dias no órgão de justiça que marcou o encerramento da turma e ressaltou transformações, tanto técnicas como humanas, promovidas pelo programa.

Na ocasião, a coordenadora Iris Pimenta, docente do IMD, também recebeu, do próprio presidente do Tribunal, Ministro Lélio Bentes Corrêa, uma medalha comemorativa em reconhecimento por sua liderança feminina e também pelos serviços desempenhados ao longo desses meses.

"A gestão do TST dá muita atenção à pauta da liderança feminina, inclusive conduz projetos com esse tema dentro do Tribunal. Então essa medalha representa um gesto de gratidão e de reconhecimento muito grande, especialmente por esse novo olhar que a UFRN, por meio desse projeto, conseguiu trazer para o TST", comenta Iris Pimenta.

Essa nova perspectiva comentada pela professora reflete um trabalho que gerou resultados significativos não apenas no desenvolvimento tecnológico em si como também na própria visão institucional do Tribunal.

“Hoje o TST tem uma equipe de TI muito madura e muito boa tecnicamente e o que o programa agregou a esse time foi a capacidade de olhar para fora. De envolver o público externo no processo de desenvolvimento, aproximando-se dessas pessoas. Isso tudo faz com que a Justiça seja mais transparente, mais inclusiva”, destaca Iris Pimenta.

O evento aconteceu na sede do TST, em Brasília, nos dias 28 e 29 de novembro e serviu como uma oficina de resultados, além de um momento de feedbacks para a turma de residentes. Estiveram presentes no encontro três docentes da UFRN, 10 alunos bolsistas da Residência e servidores do TST envolvidos no projeto.

Desenvolvimento humanizado

No primeiro dia de atividades, a programação do evento contou com a apresentação do modelo de desenvolvimento humanizado de produtos digitais, cuja condução foi da própria professora Iris Pimenta e do analista do TST, Ricardo Van Even. Ainda foi conduzida uma mesa redonda para compartilhamento de experiências e uma oficina com a temática Como Construir um Processo Transversal e Sustentável de Inovação Aberta.

Já na quarta-feira (29), o evento contou com a apresentação do Potius, solução desenvolvida pelos residentes que possibilita a qualquer advogado com processos transitados no TST acompanhar, a distância, sessões de julgamento.

Entre suas funcionalidades, a ferramenta permite ao usuário ter acesso a informações de ordenação, pedidos de preferência e de status, além da opção de favoritar processos para acompanhamento dinâmico.

Atualmente, o Potius está passando por ajustes finais, frutos de feedbacks recebidos nas últimas semanas, além de registro e envio de documentos importantes para sustentação do sistema junto ao TST. Além disso, a solução passou por rigorosos testes de segurança, em busca de possíveis vulnerabilidades, e o resultado foi a garantia, ratificada pelo próprio Tribunal, de um sistema de alta performance do ponto de vista de qualidade.

Ainda no segundo dia de evento, os alunos residentes aproveitaram para apresentar aos convidados seus respectivos projetos de conclusão de curso, ainda em construção, os quais prometem contribuir para melhoramento em diferentes aspectos dos sistemas do TST.

Além disso, foi conduzida uma segunda mesa redonda, com a temática Transformação Digital no Setor Público, além de uma visita ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde os alunos puderam conhecer mais sobre a estrutura de TI e de projetos do órgão.

Residência em TI

Toda a produção desempenhada no TST pela Residência em TI foi sustentada especialmente pela aplicação de conceitos de User Experience (UX), termo que designa a priorização de uma boa experiência de usuário em detrimento de toda a complexidade de um determinado aparato tecnológico.

Na prática, a iniciativa contempla uma série de condutas que buscam não apenas facilitar o manuseio de um sistema, mas escutar atentamente os indivíduos antes mesmo da própria criação da solução. “Tivemos, para o desenvolvimento do Potius, por exemplo, a participação de um advogado cego, então todo o sistema já foi pensado, desde a concepção, para garantir a acessibilidade nesse sentido”, conta Iris Pimenta.

Integrado com ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica, o programa de Residência visa aprimorar profissionais da área de TI em nível de pós-graduação lato sensu. Com duração de 18 meses, a proposta oferece aos estudantes uma imersão em ambientes reais de desenvolvimento, com demandas a serem solucionadas sob orientação de professores.

“Foi um prazer participar desse projeto. As vivências que tivemos, o desenvolvimento de hard e soft skills, tudo foi único e eu pude interagir com profissionais de mais alto nível, uma equipe do TST muito competente. Realmente, uma experiência única", comenta Jetterson Lucas Silva, residente do programa.